Postagens

Mostrando postagens de 2009
"Goza a euforia do vôo do anjo perdido em ti.Não indagues se nossas estradas, tempo e vento, desabam no abismo.Que sabes tu do fim?Se temes que teu mistério seja uma noite, enche-o de estrelas.Conserva a ilusão de que teu vôo te leva sempre para o mais alto.No deslumbramento da ascensãose pressentires que amanhã estarás mudoesgota, como um pássaro, as canções que tens na garganta.Canta. Canta para conservar a ilusão de festa e de vitória.Talvez as canções adormeçam as ferasque esperam devorar o pássaro.Desde que nasceste não és mais que um vôo no tempo.Rumo do céu?Que importa a rota.Voa e canta enquanto resistirem as asas."(Menotti Del Picchia)
Trecho do livro A Paixão Segundo G.H. (Romance, 1964) - “Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar "
Imagem
O NOSSO LUGAR, NÃO SE DÁ NUM ESPAÇO FÍSICO,GEOGRÁFICO OU CONCRETO DE UMA CIDADE, UM ESTADO OU PAÍS.O NOSSO LUGAR É AQUELE QUE FAZEMOS DENTRO DE NÓS MESMOS, EM QUE O SENTIDO E O SIGNIFICADO DA VIDA TOMAM FORMA E RESPLANDECEM PARA TODO AQUELE OUTRO QUE NÃO SOMOS NÓS. ( CONCITA)
Metafísica da vida cotidiana (das impertinências) Cedo ou tarde se constata Que apesar de todas as constatações A vida se recria sem cessar Alheia às nossas verdades E pouco afeita às lamentações Há uma beleza indecente No próprio fato de existir Uma espécie de ofensa sagrada Que impõe a todos o amanhecer Condenados que estamos Ao imperativo de estar aqui Nem a morte nos libera desta afronta Pois morremos cientes de ter existido E ignorantes da razão d’existir E se mesmo assim confesso amar a vida Não cesso de me sentir ridículo Como quem se entrega temeroso da acolhida Como quem não contém o riso em pleno funeral E é tão bom estar vivo! Mas tão ingênuo gostar disso tudo Que mesmo diante do gesto mais puro Não escapo a certa expressão de nojo Assim como as alegrias profundas Carregam consigo melancolia E tornam aflito meu coração Rodrigo de Barros

Alma e Carne

Tal como alma e carne estivemos juntos e...fomos separados. Na alma intensidade, na carne volúpia e eroticidade Na alma crença no amor, na carne saciar uma vontade Na alma a esperança de felicidade, na carne busca de excitabilidade Na alma sonho e ilusão , na carne desejo e tesão A alma encontra a carne , a carne encontra alma Nasce um corpo...feito de alma e carne. O corpo arde. A carne parti...a alma chora de saudade. Concita

Desaparecido

Desaparecido Sempre que leio nos jornais: "De casa de seus pais desapareceu..." Embora sejam outros os sinais, Suponho sempre que sou eu. Eu, verdadeiramente jovem, Que por caminhos meus e naturais, Do meu veleiro, que ora os outros movem, Pudesse ser o próprio arrais. Eu, que tentasse errado norte;Vencido, embora, por contrário vento, Mas desprezasse, consciente e forte,O porto de arrependimento. . Eu, que pudesse, enfim, ser meu - Livre o instinto, em vez de coagido, "De casa de seus pais desapareceu..." Eu, o feliz desaparecido ! OBS-Nao sei quem é o autor , achei tão bonitos os versos que não resisto em deixa-los aqui.
Imagem
Dia Internacional da Mulher 8 de março
“No meio das trevas, sorrio à vida, como se conhecesse a fórmula mágica que transforma o mal e a tristeza em claridade e em felicidade. Então, procuro uma razão para esta alegria, não a acho, e não posso deixar de rir de mim mesma. Creio que a própria vida é o único segredo.” (Rosa Luxemburg).

TURBILHÃO

A nossa vida é um carnaval A gente brinca escondendo a dor E a fantasia do meu ideal É você, meu amor Sopraram cinzas no meu coração Tocou silêncio em todos clarins Caiu a máscara da ilusão Dos Pierrots e Arlequins Vê colombinas azuis a sorrir Vê serpentinas na luz reluzir Vê os confetes do pranto no olhar Desses palhaços dançando no ar Vê multidão colorida a gritar Vê turbilhão dessa vida passar Vê os delírios dos gritos de amor Nessa orgia de som e de dor Moacyr Franco O carnaval acaba e deixa um turbilhão de saudades...
A ESTRATÉGIA DO VÔO Sebastião Lázaro Henrique Escritor, pesquisador e administrador nascido em MT. Para que se possa voar, é preciso saber das asas e ter noção detalhada do espaço que se pretende ocupar. É vital ter à mão as rotas alternativas, o deslocamento dos astros as cartas de navegação e os pontos onde existem correntes de ar. Para que se possa prosseguir descansando asas ao planar. Para que se possa voar, é necessário saber da fome que se deseja matar do objetivo que se quer atingir, do motivo que origina a ação e do combustível a queimar; da distância que se origina ao partir e do risco de não chegar. Para que se possa voar é necessário alquimizar coragem, desejo e tesão com cálculos, raciocínio e precisão. Torna-se devido, no entanto, antes de mais nada obter-se prazer ao percorrer o caminho e não esperá-lo ao fim da jornada!
Metafísica da vida cotidiana Metafísica da vida cotidiana(da clara-evidência) Há tantas misérias cotidianas -Minúsculas e corrosivas,Imensas e imperceptíveis -Que se não fosse a miragem do amorA vida seria intragável.Há tamanha dissonância de gestos,Tantos gritos de agonia em apelos mudos,Que se não fosse o semblante tímido da pazNenhum horizonte seria possível.Eu bem que me esforço para ser humano,Para destilar alguns cálices de nobrezaDo caldo sujo e insosso dos dias.Mas é tão fácil ser vil...Somos tão banais e servis,Que do amor só enxergamos a miragem.E da paz, somente o horizonte tardio.A humanidade me sufoca.O disparate da vida queima as entranhas.E o que nos salva senão a embriagues dos ideais?O que nos redime senão a crença no absurdo?O que nos poupa o desesperoSenão a esperança cega na própria esperança?O que nos livra da amarguraSenão o desatino da fé?A vida é tão áspera...A poesia, tão árida...A acidez, irrevogável...Contudo; e mesmo assim,É preciso lançar o coraçãoNas velas