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Mostrando postagens de agosto, 2009
Metafísica da vida cotidiana (das impertinências) Cedo ou tarde se constata Que apesar de todas as constatações A vida se recria sem cessar Alheia às nossas verdades E pouco afeita às lamentações Há uma beleza indecente No próprio fato de existir Uma espécie de ofensa sagrada Que impõe a todos o amanhecer Condenados que estamos Ao imperativo de estar aqui Nem a morte nos libera desta afronta Pois morremos cientes de ter existido E ignorantes da razão d’existir E se mesmo assim confesso amar a vida Não cesso de me sentir ridículo Como quem se entrega temeroso da acolhida Como quem não contém o riso em pleno funeral E é tão bom estar vivo! Mas tão ingênuo gostar disso tudo Que mesmo diante do gesto mais puro Não escapo a certa expressão de nojo Assim como as alegrias profundas Carregam consigo melancolia E tornam aflito meu coração Rodrigo de Barros