Metafísica da Vida Cotidiana
Metafísica da Vida Cotidiana (do amor como gesto de adeus...) Falar de amor é demasiado fácil. O amor é generoso... Acolhe até mesmo o ódio. Acolhe até mesmo a indiferença. Falar de amor é inclusive banal. Mas se do verbo não emerge o gesto que aquece, A palavra se torna ninho sem palha; casa sem lar. Torna-se um eco monótono da paisagem árida de si. Se do verbo não emerge a mão que compartilha, A palavra se torna escorregadia e vã. Se do verbo não desponta a sinceridade, qual um raio de sol, A palavra é pura ilusão de pertencimento. È fácil demais fazer juras e promessas. É fácil demais tatuar a esperança na pele do outro. É fácil demais lamentar os enganos aos pés da desilusão. É fácil demais culpar a vida por nossos desencontros. Também é demasiado fácil empunhar o amor E fazer dele uma arma contra o mundo, Ou talvez uma bandeira de nossas vaidades mais íntimas. E torná-lo mesmo uma defesa contra a necessidade de amar, Contra a inevitabilidade de doar-se, à revelia de si mesmo. Difí...