Notas para um amor que ousa existir no silêncio do outro
Hoje faz seis meses que a gente se permitiu.
E vem se permitindo, em passos curtos, em respiros longos, em gestos que nem sempre sabemos nomear.
Nos encontramos sem promessas, sem anúncio, sem manual.
Nos tocamos com corpo, voz, língua… e com o silêncio que nos costura por dentro.
Hoje, confesso, pensei em te dizer muita coisa.
Porque eu gosto de dizer o que sinto sem medo de sofrer ou ser feliz.
Porque o tempo, para mim, é movimento. E eu valorizo o que se move, mesmo que não tenha nome.
Por isso guardo datas.
Comemoro coisas simples. Celebro o que me atravessa.
Faço isso porque a vida, para mim, ganha sentido quando posso lembrar do que foi vivido.
E você tem sido vivido... por inteiro.
Mas deixo muitas dessas palavras flutuarem na dança dos nossos pensamentos.
Talvez elas nos toquem em outro momento.
Talvez fiquem só aqui, escritas em mim.
Hoje, deixei apenas uma canção que amo — Valsinha, de Chico.
Uma música onde amantes se reconhecem, mesmo que não se olhem.
Porque no fundo, o escândalo da existência continua sendo amar.
E eu amo com o corpo e com a palavra.
Ainda quero tua língua.
(E gosto de te chupar inteiro. Não finjo pudor onde há desejo.)
Mas também quero teu riso.
Tua calma.
Tua escuta.
Boa noite...
E não te preocupa sei que não guarda datas.
Eu sigo guardando.
Porque enquanto a gente se permite, mesmo que em silêncio, eu continuo amando no tempo que for possível.
E, por hoje, isso basta.
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