Tristeza e Solidão- Díade da saudade de mim mesmo !

Viver é muitas vezes estar triste...na tristeza a expressão emocional de uma dor que se faz muito mais na solidão que existe ...
Entender esta solidão, onde ela se coloca e onde ela se dar talvez seja o caminhar para compreensão de nossas tristezas .
O homem é um ser solitário no seu caminhar, ele se valida na presença do outro no dia a dia que passa, mas sua vida e seu caminhar é nele mesmo que se planta e que se faz germinar.
Porém, onde está nossa dimensão pessoal na solidão iminente e emergente em cada um de nós ? Ser solitário ou estar solitário ? SER SOLITÁRIO é o que somos, ESTAR SOLITARIO é o que compomos.
A solidão não é algo ruim se pesarmos nela como uma maneira de estarmos conosco, vislumbrando nossa própria capacidade de existir , parecendo que ao mesmo tempo em que somos um nada, somos um tudo . Inesgotáveis em vida, e certos da nossa finitude na morte.
Mas, onde coloco minha solidão ? Na escolha do estar só por mim e para mim, me fazendo pleno , ou na condição inóspita de não me sentir pertinente diante do outro, me condenando ou me deixando condenar em me sentir só ?

Na prisão que nos impomos na solidão a que nos condenamos , encontramos a tristeza.
E assim , há dias mais tristes ...Penso que neste dia nos encontramos de verdade “doendo de saudades”, saudades do que um dia vivemos ...ou saudades do que poderíamos ter vivido...condenados a um não podemos mais viver, e ao mesmo tempo estando vivos no seio desta solidão tão triste!!

E assim solidão e tristeza se encontram e fazem a díade no fomento da Saudade, tal qual “um fazer de menos”, um vazio na falta da validade da presença do outro que me poderia , seja no toque ou no olhar presente e real me carimbar : Eu sou, eu estou , eu existo !!!

Saudade de mim mesmo, assim compõe minha solidão !

Na particularidade de minha tristeza, a verdade real ou imaginária de minha solidão existencial, incluída ou excluída ...escolhida... Ou por mim imposta !! E muitas vezes tão dolorida!!!

Comentários

Tristeza nao teim fin, a felicidade sim... no es asi?

Me gusto mucho tu texto, Conce! Como siempre!

Besitos

Michelle, tu amiga argentina
Conce Pereira disse…
Gracias ! Sí Miche."Tristeza no tiene fin ...felicidad sí..."
Ella "es como una pluma el viento vá llevando sin parar"...vida tán breve...
beijos
Conce
Anônimo disse…
Olá, Concita!! Como estás?

CORAJOSA!!! Sim! Fostes (és) muito corajosa ao abordar a tristeza e a solidão como palavras dominadoras de tuas palavras e de teus pensamentos. Digo-te corajosa, pois peso ser difícil projetar nossas impressões sobre esses temas. Ao ler tuas belas palavras, lembrei-me que, em meados de junho, fui prestigiar a defesa de uma tese cujo tema era a Solidão. A doutoranda foi extremamente criativa ao centrar suas idéias nas obras de Clarice Lispector e no pensamento de Martin Heidegger. Dessa "salada" meus ouvidos desfrutaram das mais belas palavras, que contradiziam todo o senso comum (aquele "nosso" pensamento negativo de cada dia sobre a solidão). Enfim, quando eu receber a tese (ela me enviará por e-mail) encaminharei para você. Mas, teses à parte, quero expressar-me aqui também. =)

Quando falaste em tristeza, de imediato remeti meu pensar à melancolia (não sei se devido ao meu atual estado de espírito).Bem, até o presente momento não consegui delimitar as fronteiras entre a melancolia e a tristeza. Não sei ao certo contextualizam-se, se são miscíveis, se caminham em paralelo, e, se houver contextualização, tenho dúvidas se a contextura é bem definida. Urge aqui lembrar que a tristeza é algo muito comum em nossas vidas, assim como a alegria. Não podemos estar sempre alegres e nem sempre tristes. Há um equilíbrio dinâmico e mais que necessário. A melancolia também é parceira do nosso peregrinar. Às vezes pode ser amiga da tristeza, ou talvez não. Também é, ainda, uma das atitudes pré-filosóficas. Só que há a melancolia "normal" e a melancolia patológica. É dito que, a primeira, é uma forma de refletirmos sobre nós mesmos inseridos aqui fora; ou, até, mais sobre nossa interioridade, sobre o nosso "eu", de forma que venhamos a conhecer-nos melhor (autoconhecimento). É o ato de visitar a casa da melancolia, mas sair, entrende? A segunda forma concerne a essa mesma interioridade, só que perdemos o controle e acabamos por nos aprisionar na casa da melancolia, dessa forma não mais exteriorizando o nosso olhar; daí decorre o que chamamos de depressão (o que você tem mais propriedade pra falar do que eu). Na verdade, percebo a melancolia como um olhar invertido. É como se escancarássemos nosssa alma para nós mesmos, entendes? Como se vasculhássemos o oculto de nós mesmos e, em certo ponto, nessa caminhada, poderemos nos surpreender com o que encontraremos; ou, quem sabe até, estupefatos frente à nossa real realidade. È assim que tenho percebido a melancolia, mas não são conceitos absolutos em mim.

Falar em solidão... vamos lá!!! Ficar só é pra quem tem coragem, já diz uma das canções da Ana Carolina. Mas, o que de fato é aquilo a que chamamos solidão? Solidão é SER ou é ESTAR? Difícil responder, né? Bem, como há muito a se falar sobre solidão, quero fazer meu comentário sob a ótica da arte, ok? Porém, quero dizer que viver e morrer são experiências de solidão. Nascemos sós; morremos sós. À nossa conversa, o cerne reside nessa fase entre o nascer e o morrer. Não quero aqui falar em eros e em tanatos, não! Não quero confundir as coisas. Mas, quero falar da fase transitória.

Adoto a ótica da arte pois lembrei-me de teu amigo. Não sei se estou enganada, mas penso que fundamentaste tuas palavras no estado de espírito do teu amigo.

Momentos de solidão são imprescindíveis na vida de um artista, seja ela um músico, um escritor, um pintor, um escultor... Quer um exemplo disso? Para escreveres aquele texto que me enviaste através de teu blog, precisaste de solidão. Estavas muito inspirada, de fato. Falastes verdades, tuas verdades sobre a díade e, tuas verdades são irrefutáveis. Assim como as verdades expressas em notas musicais, em palavras muito pessoais de um escritor (não falo aqui no sentido científico e nem em verdades absolutas; falo nas nossas próprias verdades que estamos sempre a expressar de alguma forma; falaremos sobre a verdade em outro momento, viu?), nas cores e texturas escolhidas pelo pintor, nas mãos e suas digitais que trafegam por todo o corpo de uma escultura.

Diante desse olhar, a solidão é negativa ou positiva? Claro que positiva. O artista necessita de seu momento consigo mesmo. E, digo-te ainda, ele até pode estar numa imensa "roda" de amigos e estar a refletir sobre sua obra. Pois, só dessa forma ele experimentar-se-á como perfeição; e perfeição é o que ele busca.

Observo meu irmão (e sou uma irmã coruja, pergunte a Gracinha, e amiga coruja dela também =)). Ele é músico. Vejo toda a magia da música brilhando nos olhos do meu irmão. As notas musicais correm em seu sangue. Humildade é sua virtude primacial. Enfim, observo os momentos de solidão que ele necessita. Fecha a porta do quarto e começa a estudar durante horas. Quando entro no quarto dele sinto a beleza daquele dom e percebo que naquele instante minha presença não o incomoda.

Mas, os artistas não estão completamente sós. Estão acompanhados de suas obras, que é seu melhor prazer. Estão mais próximos a Deus. Como Beethoven dizia: "Deus fala pelos ventos, pelo barulho das folhas nas árvores, e nós quase sempre não paramos para ouvir o que Ele tem a dizer(...) Deus fala diretamente com os músicos".

Concita, não estou conseguindo concluir minhas palavras. Gostaria de finalizar por aqui e peço desculpas se não amarrei bem minhas idéias e se não correspondi ao que desejarias que eu comentasse.

Quanto ao que teu filho falou sobre ser teu texto "escuro", não te preocupes. Isso é muito natural. Como eu disse, falar nessa díade, tristeza e solidão, não é nada fácil. Seu texto foi clarividente, não duvides. =)

Grande abraço,
Fica com Deus!!!
Beijos,
vanessa.

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